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Problemáticas da nossa cultura educacional


        Infelizmente permanecemos, em pleno século 21, com políticas desatualizadas, além da Dicotomia do ensino (escolas para pobres e escolas para ricos).
            Com o tempo as coisas vão mudando, se atualizando, e o que algumas pesquisas mostram, como é o caso da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) de 2013, é que ainda estamos muito atrasados. O Brasil está tão mal que ficou em penúltimo no ranking mundial sobre a educação, ficando apenas na frente do México, numa pesquisa de 36 países, logo, ficando no 35° lugar.
            Lembrando que durante muito tempo a escola era apenas para a elite, para os nobres, que precisavam ser letrados, conhecedores das palavras, e aos poucos foi atendendo a burguesia. E o restante, os pobres, aprendiam na prática, no dia a dia. Porém com a revolução industrial e o avanço da tecnologia, era preciso que os cidadãos tivessem um pouco mais de conhecimento, e assim os ignorantes pudessem se tornar educados para serem bons cidadãos e consequentemente, trabalhadores disciplinados.  E assim, foram surgindo escolas para os ricos e escolas para os pobres.         Olhando um pouco mais profundamente para a nossa história, podemos verificar que a crise que vivemos é de fato cultural, pois vem se estendendo desde muito lá de trás. Então, lá trás, se tivéssemos tido uma democracia para todos, onde tivesse tido inclusão, e políticas públicas igualitárias, hoje não viveríamos esse caos que é a nossa educação. Com esse emaranhado que vem de séculos parece ser muito difícil desmistificar tudo isso. Mas se começássemos hoje a implantar recursos que colaborassem para a inclusão de e para todos, atingiríamos outro patamar.    
            Não acredito que uma mudança radical seja possível. Mas como fomos construídos até aqui, porque não construir, também aos poucos, uma nova história para a nossa educação? E compartilhando desse mesmo pensamento, COMBS (1976), aponta que um dos caminhos é fornecer elementos mentais e técnicos capazes de levar o homem a uma ação social plenamente integrada nas realizações e exigências do momento, para que as relações humanas se estabeleçam em clima de responsabilidade e de igualdade, sem a condição humilhante da subalternidade forçada, da menor valia social decorrentes da falta de oportunidade para uma conveniente realização pessoal.     E isso deveria ser uma meta a ser cumprida por nós, cidadãos de bens, que visam uma educação integrativa, para que geremos uma nova cultura, um novo momento, onde a cultura deixe de ser fonte de privilégios para alguns e se torna razão de novos e maiores encargos sociais para os cidadãos, educando e respeitando as individualidades.
            Um outro fator que também ainda predomina é a falta de verbas para investimento na educação (seja na qualificação de professores, salas equipadas e restauradas, merenda saudável e tantos ouros quesitos).
            Este é um outro fator massacrante. O que mais vemos por aí são escolas em ruínas, principalmente nos interiores dos Estados, onde há pouca supervisão. E não obstante das grandes capitais. O problema é mesmo generalizado, muda apenas o grau de deficiência.
            Com políticos que se dizem idôneos e não roubam e não desviam verbas, vemos escolas em estados precários, com goteiras, com tetos caindo, sem paredes, escolas sem ventiladores, salas apertadas, sem carteiras, sem merendas, sem professores, sem banheiros, e tantos outros problemas que somos conhecedores. Sem falar no impacto que isso causa na sociedade, crianças nas ruas, outras sem oportunidades e acabam sendo levadas para o mundo do crime e muitos outras situações.
            Segundo o Portal da Transparência do Governo Federal, o gasto em educação aumentou em mais de 13 bilhões de reais de 2012 para 2013. Para onde foi esse dinheiro? Foi investido onde que não vemos resultados de progressão na educação?
Juntando ao ponto anterior, se tivéssemos uma educação integrativa, com políticos realmente preocupados no bem de todos, não teríamos os problemas que temos hoje.
            E por mais que não estejamos vivendo o período mais adequado, ainda é possível começar uma mudança. Salas em bons estados, bibliotecas, laboratórios dos mais diversos saberes, profissionais qualificados, bons salários, já servem de incentivo até mesmo para todos os profissionais envolvidos como os alunos. Todos se sentiriam confortáveis e confiantes. Pois haveriam apetrechos positivos para que a aprendizagem, de fato, significativa pudesse acontecer. O governo precisa cumprir com seu papel.
            Por fim, e não menos importante, temos a problemática da parceria escola-família não tem se efetivado.  O papel trocado que a escola vem assumindo, havendo uma troca de valores, onde os professores atuam como ‘pais’, ensinando valores éticos e morais ao invés do português e matemática, e suas outras linguagens.
            Levando em consideração que a família é espaço sociocultural cotidiano e histórico no processo de socialização, se relaciona com as instituições de ensino, tornando-se berço de atitudes, bem como de mudanças, ou estagnação, da realidade na qual a sociedade a insere, pois é delas que partem os sujeitos sociais que irão manter, ou mudar, a si próprios e, consequentemente, a realidade onde estão inseridos, podemos verificar que essa instituição familiar tem mudado bastante. Logo, aquele ser que desponta da família e chega nas escolas, já chega com dificuldades.        Algumas famílias veem a escola como um depósito, onde deixam seus filhos para que possam ir trabalhar, ou realizar seus afazeres domésticos, pois tem tantos outros filhos para cuidar. Os motivos para essa visão são dos mais variados.
            As dificuldades são grandes, pois vemos a escola reclamando da ausência dos pais para poder acompanhar o desenvolvimento escolar de seus filhos, sem falar da falta de limites, da falta de controle sobre estes. E vemos também, por outro lado, a família que se queixa da cobrança excessiva da escola para que se responsabilizem mais pela aprendizagem da criança.
            É preciso compreender a família como um fenômeno historicamente situado, sujeito as alterações, de acordo com as mudanças das relações de produção estabelecidas entre os homens [...] É evidente que as funções da família vão depender do lugar que ela ocupa na organização social e na economia. (ARANHA, 1989, p. 75).
            Por isso que é importante identificar que o papel a ser exercido pela escola, vai muito além do ensino pedagógico presencial da sala de aula, e o da família, ultrapassa do simples sustento (alimentação, moradia, vestuário e etc) para com os filhos que a frequentam.
            O que precisa acontecer é uma união entre ambos, para fortalecer a base que essa criança tem. Favorecendo todos os fatores da vida, levando sempre em consideração sua história de vida, a sociedade ao qual está inserido.
            Para Garcia(2006), a parceria entre a família e a escola é de suma importância para o sucesso no desenvolvimento intelectual, moral e na formação do indivíduo.
            Família e escola levando isso em consideração e todos sendo participativos, teríamos uma educação inovadora e uma sociedade libertadora.
            Sendo assim, é possível concluir que o trabalho que precisa ser feito, é em conjunto, governo oferecendo subsídios necessários com relação a estrutura, qualificação, merenda, e outros afins, juntamente com a família e escola participativa.   A escola precisa conhecer seus alunos, e as famílias precisam conhecer a escola, seus professores e diretores, para assim poder ser construído uma base para que o diálogo aconteça de forma que todos possam se conhecer e se compreenderem, buscando dessa forma, artifícios, meios para possibilitar, o que de fato é papel da escola, que o ensinamento aconteça significativamente. Transformando aquele aluno, numa pessoa de bem, pois o trabalho estaria sendo feito junto com a família, e indo além, o tornando um cidadão livre, conhecedor de seus direitos e deveres. Fazendo o bem, e ajudando a construir um nova cultura e uma nova forma de pensar.  


Referências:

ARANHA, M.L. DE A. Filosofia da Educação. São Paulo: Moderna, 1989.
COOMBS, P. A Crise Mundial da Educação. São Paulo, Vozes, 1976.
DURKHEIM, E. Educação e Sociologia. 7 ed. São Paulo, Melhoramentos, p. 91.
GARCIA, E. G. Veiga, E.C. e (2006). Psicopedagogia e a teoria modular da mente. São José dos Campos: Pulso.

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